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Mpox: conhe?a sintomas e tire principais dúvidas sobre a doen?a

Com aumento de casos, doen?a passou a ter alerta global pela OMS

Publicado em 15/08/2024 - 17:40 Por Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil - Brasília

A Organiza??o Mundial da Saúde (OMS) declarou esta semana que o cenário de mpox no continente africano constitui emergência em saúde pública de importancia internacional em raz?o do risco de dissemina??o global da doen?ae de uma potencial nova pandemia. Este é o mais alto nível de alerta da entidade.

De acordo com a organiza??o, surtos da doen?a vêm sendo reportados na República Democrática do Congo há mais de uma década e as infec??es têm aumentado de forma sustentada ao longo dos últimos anos. Em 2024, os casos já superam o total registrado ao longo de todo o ano de 2023 e somam mais de 14 mil, além de 524 mortes.

Entre 2022 e 2023, a mpox já havia figurado como emergência global em meio à propaga??o do vírus em diversos países. O número de casos relatados à época atingiu seu pico em agosto de 2022 e come?ou a diminuir gradualmente até abril de 2023. Ainda assim, a OMS refor?ou que a doen?a continuava a apresentar desafios à saúde pública.

Pouco mais de um ano após o fim do primeiro decreto, a mpox voltou a figurar como emergência global em saúde pública.

Confira, a seguir, as principais perguntas e respostas sobre a doen?a (com base na OMS e na Organiza??o Pan-Americana da Saúde):

O que é a mpox?

Causada pelo vírus Monkeypox, a doen?a pode se espalhar entre pessoas e, ocasionalmente, do ambiente para pessoas, através de objetos e superfícies que foram tocados por um paciente infectado. Em regi?es onde o vírus está presente entre animais selvagens, a doen?a também pode ser transmitida para humanos que tenham contato com os animais infectados.

Quais s?o os sintomas da doen?a?

A mpox pode causar uma série de sinais e sintomas. Embora algumas pessoas apresentem sintomas menos graves, outras podem desenvolver quadros mais sérios e necessitar de atendimento em unidades de saúde.

Paciente com les?es na pele provocadas pela varíola do macaco, na República Democrática do Congo
Paciente com les?es na pele provocadas mpox, na República Democrática do Congo - Foto:?CDC/BRIAN W.J. MAHY

O sintoma mais comum da doen?a é?a?erup??o?na pele, semelhante a bolhas ou feridas, que pode?durar de duas a quatro semanas. O quadro pode come?ar com ou ser seguido de febre, dor de cabe?a, dores musculares, dores nas costas, apatia?e ganglios inchados. A erup??o cutanea pode afetar o rosto, as palmas das m?os, as solas dos pés, a virilha, as regi?es genitais e/ou anal.

As les?es também podem ser encontradas na boca, na garganta, no anus, no reto, na vagina ou nos olhos. O número de feridas pode variar de uma a milhares. Algumas pessoas desenvolvem ainda inflama??o no reto, que pode causar dor intensa, além de inflama??o dos órg?os genitais, provocando?dificuldade para urinar.

Como é a transmiss?o?

O vírus se espalha de pessoa para pessoa por meio do contato próximo com alguém infectado, incluindo falar ou respirar próximos uns dos outros, o que pode gerar gotículas ou aerossóis de curto alcance; contato pele com pele, como toque ou sexo vaginal/anal; contato boca com boca; ou contato boca e pele, como no sexo oral ou mesmo o beijo na pele. Durante o surto global de 2022/2023, a infec??o se espalhou sobretudo por via sexual.

Pessoas com mpox s?o consideradas infecciosas até que todas as les?es tenham formado crostas e essas crostas caiam, formando uma nova camada de pele. A doen?a também pode ser transmitida enquanto as les?es nos olhos e no restante do corpo (boca, garganta, olhos, vagina e anus) n?o cicatrizarem, o que geralmente leva de duas a quatro semanas.

é possível que o vírus persista por algum tempo em vestimentas, roupas de cama, toalhas, objetos, eletr?nicos e superfícies que tenham sido tocadas por uma pessoa infectada. Outra pessoa que toque nesses objetos pode adquirir o vírus se tiver cortes ou escoria??es ou mesmo ao tocar olhos, nariz, boca e outras membranas mucosas sem antes lavar as m?os.

A mpox pode ser transmitida durante a gravidez, da gestante para o feto, e durante ou após o parto, através do contato pele a pele.

N?o está claro se as pessoas que n?o apresentam sintomas podem propagar a doen?a.

O vírus também pode ser transmitido para humanos quando a pessoa entra?em contato com um animal infectado, incluindo algumas espécies de macacos e roedores terrestres (como esquilos). O contato, nestes casos, pode acontecer por meio de mordidas e arranh?es ou durante atividades como ca?a e preparo do alimento. O vírus pode ser contraído ainda através da ingest?o de animais infectados, caso a carne n?o esteja bem cozida.

Quem pode contrair mpox?

Qualquer pessoa que tenha contato físico próximo com alguém que apresente sintomas de mpox ou com um animal infectado corre risco de infec??o. é provável que as pessoas vacinadas contra a varíola humana tenham certa prote??o contra a mpox. Entretanto, é pouco provável que?jovens tenham sido vacinados contra a varíola humana, já que a distribui??o das doses foi praticamente interrompida em todo o mundo por ser a primeira doen?a humana erradicada, ainda em?1980. Mesmo vacinados contra a varíola humana, devem adotar medidas de prote??o.

Recém-nascidos, crian?as e pessoas com imunodepress?o pré-existente correm risco de apresentar sintomas mais graves e de morte por mpox. Profissionais de saúde também apresentam risco elevado devido à maior exposi??o ao vírus.

O risco de infec??o por mpox n?o se limita a pessoas sexualmente ativas, gays, bissexuais e homens que fazem sexo com homens (HSH).

Qualquer pessoa que tenha contato próximo com alguém que apresente sintomas está em risco e qualquer pessoa com múltiplos parceiros sexuais também está em risco.

Mpox pode matar?

Na maioria dos casos, os sintomas da doen?a desaparecem sozinhos em poucas semanas, mas, em algumas pessoas, o vírus pode provocar complica??es médicas e mesmo a morte. Recém-nascidos, crian?as e pessoas com imunodepress?o pré-existente correm maior risco de sintomas mais graves e de morte pela infec??o.

Quadros graves causados pela mpox podem incluir les?es maiores e mais disseminadas (especialmente na boca, nos olhos e em órg?os genitais), infec??es bacterianas secundárias de pele ou infec??es sanguíneas e pulmonares. As complica??es se manifestam ainda por meio de infec??o bacteriana grave causada pelas les?es de pele, encefalite, miocardite ou pneumonia, além de problemas oculares.

Pacientes com mpox grave podem precisar de interna??o, cuidados intensivos e medicamentos antivirais para reduzir a gravidade das les?es e encurtar o tempo de recupera??o. Dados disponíveis mostram que entre 0,1% e 10% das pessoas infectadas pelo vírus morreram, sendo que as taxas de mortalidade podem divergir por conta de fatores como acesso a cuidados em saúde e imunossupress?o subjacente.

Como reduzir o risco de contrair mpox?

Você pode reduzir o risco de infec??o limitando o contato com pessoas que est?o sob suspeita de mpox ou que foram diagnosticadas com a doen?a:

- Quando se aproximar?de alguém infectado, a pessoa doente deve utilizar máscara (comum ou cirúrgica), sobretudo se tiver les?es na boca ou se estiver tossindo. Você também deve usar máscara.

- Evite o contato pele a pele sempre que possível e use luvas descartáveis se precisar ter contato direto com as les?es.

- Use máscara?ao manusear vestimentas ou roupas de cama do doente, caso a pessoa infectada n?o possa fazê-lo sozinha.

- Lave regularmente as m?os com água e sab?o ou utilize álcool em gel, especialmente após o contato com uma pessoa infectada.

?- Roupas, len?óis, toalhas, talheres e pratos dos infectados devem ser lavados com água morna e detergente.

- Limpe e desinfete todas as superfícies contaminadas e descarte os resíduos contaminados (como curativos) de forma adequada.

- Em países onde há animais portadores do vírus Mpox, evite contato desprotegido com animais selvagens, sobretudo se estiverem doentes ou mortos (incluindo contato com carne e sangue do animal).

- Alimentos com?partes de animais devem ser bem cozidos antes de serem consumidos.

Existe tratamento para mpox?

Os sintomas da doen?a, muitas vezes, desaparecem por conta própria, sem a necessidade de tratamento. é importante cuidar da pele que apresenta erup??es, deixando-as secar ou, se possível, cobrindo-as com um curativo úmido para proteger a área.

Evite tocar em qualquer ferida na boca ou nos olhos. Pode-se utilizar enxaguantes bucais e colírios, desde que se evitem produtos com cortisona.

O profissional de saúde pode recomendar o uso de imunoglobulina vaccinia (VIG) para casos graves. Um antiviral desenvolvido para tratar a varíola humana, o tecovirimat, comercializado como TPOXX, também foi aprovado para o tratamento da mpox.

Tem vacina contra a mpox?

Anos de estudo levaram ao desenvolvimento de doses atualizadas e mais seguras para a varíola humana. Três delas (MVA-BN, LC16 e OrthopoxVac) também foram aprovadas para a preven??o da mpox. De acordo com a OMS, apenas pessoas que est?o em risco (como alguém que teve contato próximo com um paciente) ou que integram algum grupo de alto risco para exposi??o ao vírus devem ser consideradas para a vacina??o.

A imuniza??o em massa contra a mpox, neste momento, n?o é recomendada.

Para a maioria das pessoas em risco, as vacinas disponíveis oferecem prote??o contra a infec??o e quadros graves. Depois de receber a dose, entretanto, a orienta??o é continuar a tomar os devidos cuidados para evitar contrair e espalhar o vírus, já que a imunidade somente se instala algumas semanas após a vacina??o.

A OMS alerta que, desde que a varíola humana foi erradicada, em 1980, a maioria das doses contra a doen?a e que também combatem a mpox n?o está amplamente disponível e n?o há certeza de quando haverá estoque para o público?prioritário. Em alguns países, as vacinas podem estar disponíveis em quantidades limitadas e para uso conforme orienta??es nacionais.

O Ministério da Saúde do Brasil informou que negocia a?aquisi??o emergencial de 25 mil doses de vacina contra a mpox.

Alguns estudos demostraram que pessoas vacinadas contra a varíola humana no passado podem ter alguma prote??o contra a mpox. Elas podem precisar, entretanto, de uma dose de refor?o.

Crian?as e adolescentes podem contrair?a doen?a?

Crian?as podem pegar mpox se tiverem contato com alguém que apresente sintomas. Elas podem ser expostas ao vírus em casa, por pais, cuidadores ou outros membros da família, através de contato próximo.

Crian?as geralmente s?o mais propensas a apresentar sintomas graves que adolescentes e adultos.

O vírus pode ser transmitido ao feto ou a um recém-nascido durante o nascimento ou por contato físico precoce.?

A erup??o cutanea, num primeiro momento, pode se assemelhar a outras doen?as infantis comuns, como varicela ou catapora, e outras infec??es virais. Se uma crian?a ou adolescente de quem você cuida apresentar sintomas que possam sugerir mpox, procure orienta??o de um profissional de saúde.

Por correrem maior risco que adultos, crian?as diagnosticadas com mpox devem ser monitoradas de perto até que se recuperem, caso necessitem de cuidados adicionais. Pediatras podem aconselhar que a crian?a seja cuidada em uma unidade de saúde. Nessa situa??o, um dos pais ou um responsável saudável e com baixo risco para mpox deve acompanhar a crian?a.

Quais os riscos da mpox durante a gravidez?

Contrair mpox durante a gravidez pode ser perigoso para o feto ou recém-nascido e pode levar à perda gestacional, além de complica??es para a m?e. Se estiver grávida, evite contato próximo com alguém infectado. Se você acha que foi exposta ou apresenta sintomas que podem ser mpox, entre em contato com seu obstetra.

Se você confirmou ou se suspeita de infec??o por mpox e está amamentando, converse com seu médico para obter orienta??o. O profissional vai avaliar o risco de transmiss?o do vírus e a possibilidade de suspender o aleitamento materno. Se for definido que é possível continuar amamentando e ter contato próximo, é preciso adotar medidas como encobrir as les?es. O risco de infec??o por mpox terá de ser cuidadosamente equilibrado com os potenciais danos causados ??pela interrup??o da amamenta??o e do contato próximo entre pais e filhos.

Ainda n?o se sabe se o vírus pode ser transmitido pelo leite materno.

Tubos de teste positivos varíola dos macacos
Tubos de testes positivos da mpox - Foto:?REUTERS/Dado Ruvic/Proibida reprodu??o

Já tive a doen?a no passado.?Posso ter a infec??o novamente?

A compreens?o acerca de quanto tempo dura a imunidade após uma infec??o por mpox, atualmente, é limitada. Portanto, n?o se sabe se uma infec??o anterior confere imunidade contra infec??es futuras e, em caso afirmativo, por quanto tempo.

Já há casos de segundas infec??es pelo vírus relatados. Mesmo que você já tenha tido mpox no passado, deve fazer tudo o que for possível para evitar ser infectado novamente.

Se você já teve mpox e alguém da sua família foi diagnosticado agora, você pode proteger outras pessoas sendo o cuidador designado, já que é mais provável que você tenha alguma imunidade em rela??o aos demais?que nunca foram infectados. No entanto, você ainda deve tomar todas as precau??es para evitar ser reinfectado.

Em quais partes do mundo, existe risco de ter a doen?a?

Os casos de mpox na República Democrática do Congo (RDC) est?o em ascens?o há mais de dois anos. Autoridades sanitárias do país declararam epidemia da doen?a em dezembro de 2022. Em 2023, o número de infec??es triplicou, chegando a 14,6 mil notifica??es e 654 mortes. Já em 2024, a situa??o piorou – entre janeiro e meados de julho, mais de 12,3 mil casos suspeitos foram relatados e 23 províncias foram afetadas.

No fim de junho, a OMS alertou para uma variante mais perigosa da mpox. A taxa de letalidade pela nova variante 1b na áfrica Central chega a ser de mais de 10% entre crian?as pequenas, enquanto a variante 2b, que causou a epidemia global de mpox em 2022, registrou taxa de letalidade de menos de 1%.

Apenas em julho, cerca de 90 casos de infec??o pela variante 1b foram reportados em países vizinhos à RDC e que nunca haviam registrado casos de mpox até ent?o: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda.

Mpox é uma infec??o sexualmente transmissível?

A doen?a pode se propagar de uma pessoa para outra através de contato físico próximo, incluindo a rela??o?sexual.

As erup??es cutaneas se manifestam, inclusive, em órg?os genitais e na boca, o que contribui para a transmiss?o da mpox pelo ato sexual.

O contato boca com pele também pode levar à infec??o, se houver les?es cutaneas ou bucais. Além disso, as erup??es cutaneas causadas pelo vírus podem se assemelhar a algumas infec??es sexualmente transmissíveis, como herpes e sífilis.

Como o vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa, gays, bissexuais e HSH podem correr maior risco de exposi??o se tiverem rela??es sexuais ou outra forma de contato próximo com alguém infectado.

Quem tem maior risco de casos?graves da doen?a?

Evidências sugerem que pessoas imunossuprimidas correm maior risco de desenvolver mpox grave ou morrer. Os sintomas do quadro grave da infec??o incluem les?es maiores e mais disseminadas (especialmente na boca, nos olhos e em órg?os genitais), infec??es bacterianas secundárias de pele ou infec??es sanguíneas e pulmonares. Os dados mostram sintomas mais sérios em pessoas gravemente imunossuprimidas.

Pessoas com HIV em estágio avan?ado (com apresenta??o tardia de sintomas, contagem baixa de CD4 e carga viral elevada) têm risco aumentado de morte se desenvolverem quadros graves de mpox.

Pessoas que vivem com HIV e que alcan?aram a supress?o viral através do tratamento antiretroviral n?o parecem correr maior risco a quadros graves que a popula??o em geral.

Pessoas com HIV n?o tratado podem estar imunocomprometidas e, portanto, podem correr maior risco de ter?quadro?grave. A a orienta??o da OMS é que os países integrem a preven??o e os cuidados relacionados ao HIV à mpox.

Pessoas sexualmente ativas e que n?o conhecem sua condi??o sorológica s?o aconselhadas pela OMS?a fazer o teste para HIV.

Edi??o: Carolina Pimentel

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